O anúncio oficial da morte de Chávez foi feito por
volta das 17h25 no horário local (18h55 no horário de Brasília) desta
terça-feira (5) pelo vice-presidente venezuelano Nicolás Maduro. No mesmo
pronunciamento, Maduro confirmou que Chávez morreu às 16h25 (17h55h no horário
de Brasília).
Nicolás Maduro, designado pelo próprio Chávez como
seu sucessor, mobilizou as Forças Armadas e a polícia para "proteger a paz
do povo venezuelano". Os chefes militares, por sua vez, já se afirmaram
fiéis a Maduro, que deverá disputar as eleições presidenciais com o líder da
oposição, Henrique Capriles, que perdeu a disputa eleitoral com Chávez em Outubro.
Sondagens recentes davam a vitória a Maduro.
O funeral de Chávez vai realizar-se na próxima
sexta-feira, na Academia Militar da Venezuela, anunciou o ministro dos Negócios
Estrangeiros, Elías Jaua. O Governo decretou ainda sete dias de luto nacional.
Assim que foi conhecida a notícia da morte do homem
que liderou a Venezuela durante 14 anos, as ruas de Caracas foram-se enchendo
de gente.
História de Chávez
Natural de Sabaneta, oeste da Venezuela, Chávez
nasceu a 28 de julho de 1954. Ele era o segundo de seis filhos dos professores
Hugo de los Reyes Chávez e Elena Frías de Chávez. Sua infância e adolescência,
vividas em Sabaneta e Barinas, também no oeste do país, foram marcadas pelo
gosto por esportes e artes – o presidente chegou a escrever alguns contos e
obras de teatro.
TRAJETÓRIA DE CHÁVEZ
Em 1975, ingressou na Academia Militar da Venezuela,
e não demorou muito para que se tornasse tenente-coronel, em 1990.
Sua ideologia esquerdista e a identificação com
Simón Bolívar, um dos heróis da independência da Venezuela, o levaram a fundar
o Movimento Bolivariano Revolucionário 200 (MBR200), que pregava a reforma do
Exército e a mudança da ordem constitucional vigente.
Em fevereiro de 1992, orquestrou um golpe de Estado
contra o então presidente Carlos Andrés Pérez, que estava envolvido em
denúncias de corrupção. A tentativa fracassou e Chávez foi levado à prisão,
onde permaneceu por dois anos.
Já em 1997, ele fundou o Movimento Quinta República
(MVR), agremiação pela qual venceu as eleições presidenciais do ano seguinte,
com 56,5% dos votos.
Assim que tomou posse, em 1999, Chávez dissolveu o
Congresso e convocou um referendo para a instauração de uma Assembleia Nacional
Constituinte. Das 131 cadeiras, 120 pertenciam a aliados do então presidente.
A nova Carta, aprovada por 71,21% dos eleitores,
mudou o nome do país para República Bolivariana da Venezuela, outorgou maiores
poderes ao Executivo, extinguiu o Senado – o Parlamento virou unicameral – e
aumentou os direitos culturais e linguísticos dos povos indígenas. Novas
eleições presidenciais foram realizadas em 2000, e Chávez foi reeleito com
59,7% dos votos.
Em 2002, o país passou por uma grave crise política
depois que Chávez demitiu gestores da PDVSA – a petrolífera estatal
venezuelana, que controla 95% da produção nacional – e os substituiu por gente
de sua confiança.
Opositores organizaram um golpe de Estado em abril
do mesmo ano, que foi seguido de um contragolpe dois dias depois, já que forças
leais a Chávez perceberam o clamor popular do líder. Com duração de 47 horas,
este foi o golpe de Estado mais rápido da história.
Um referendo sobre a permanência de Chávez no poder
foi realizado em agosto de 2004, e 58,25% dos votantes se mostraram favoráveis
ao presidente. Em 2006, ele foi reeleito para um segundo mandato de seis anos.
Mais uma vez, ele governou com grande apoio no Congresso, já que a oposição
havia boicotado as eleições legislativas de 2005.
O primeiro revés veio no final de 2007, quando a
população, após um plebiscito, negou uma reforma à Constituição. Em 2008, a
oposição ganhou a prefeitura das duas maiores cidades do país, Caracas e
Maracaibo, além de cinco Estados economicamente importantes (Zulia, Carabobo,
Miranda, Táchira e Nueva Esparta).
Os revezes seriam em parte compensados em 2009,
quando Chávez conseguiu a aprovação da reeleição ilimitada em um referendo no
qual 54% dos votos foram favoráveis à proposta. Em 2012, ele disputou o pleito
presidencial pela quarta vez e foi reeleito, mas não chegou a assumir o
governo.
Aliados e inimigos
No campo da política externa, Chávez não escondia
seu apreço por governantes como o boliviano Evo Morales, o equatoriano Rafael
Correa e os cubanos Raúl e Fidel Castro, todos combatentes da diplomacia dos
EUA. Por outro lado, era feroz crítico do governo da vizinha Colômbia, aliada
dos EUA na América do Sul, e se desentendeu várias vezes com o ex-presidente
colombiano Álvaro Uribe (2002-2010).
Ainda no âmbito regional, Chávez era o principal
defensor da Alba (Aliança Bolivariana para as Américas), bloco de cooperação
regional fundado em 2004 em oposição à Alca (Área de Livre Comércio das
Américas), proposta impulsionada pelos EUA desde a década de 90, mas que nunca
foi criada.
Em 2009, o presidente expulsou do país o embaixador
de Israel, em represália à intervenção militar israelense na faixa de Gaza, em
janeiro do mesmo ano. Por outro lado, era próximo do iraniano Mahmoud Ahmadinejad
e dos ex-ditadores iraquiano Saddam Hussein (1937-2006) e Muammar Gaddafi
(1942-2011).
Postado por: Nilton Silveira
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